Em repertório
Fora de repertório
Foi num tempo muito distante, onde o tempo todo era noite escura, nem lua, nem sol havia. Diz que houve um dilúvio que encheu tudo de água, e chegou também até à toca da Mboiguaçu (cobra grande) que há muito tempo dormia.
Ela acordou e saiu, mas comida não havia e então começou a comer os olhos das carniças. A água começou a baixar, mas a Mboiguaçu só comia os olhos e deixava o resto todo da carniça. Diz a lenda que a pessoa guarda nos olhos a última luz que havia visto.
Naquela escuridão sem fim, a cobra grande começou a ficar cada vez maior e num clarão só, pois só olhos queria comer. Quando ela foi vista pelos homens, eles se apavoraram e chamaram-na de cobra de fogo - “Mboitatá”, de tanta era a claridade que ela tinha. Mas as carniças foram acabando e então ela queria era olhos vivos.
Mas um dia a Mboitatá se esfarelou, pois os olhos encheram o corpo mas não deram sustância. Explodiu de tanta luz que tinha dentro de si, e assim voltou o sol. Ainda dizem que a Mboitatá, diferente de tudo que morre e volta pra onde veio, ficou sozinha. No inverno ela dorme mas no verão aparece como bola de fogo e corre campo.
Só tem dois meios de se safar dela: ficar parado com os olhos bem fechados ou laçar a danada e sair a galope, que ela bate numa macega e se esfarela. Aí vai embora, porque logo vai se juntar de novo.